domingo, 28 de novembro de 2010

Semáforos da vida


  No meu caminho de casa para a escola, poucas coisas me fazem parar de olhar para um ponto fixo no vidro da frente do carro (Pois é, eu não sou muito simpática... principalmente pela manhã). Não sei por que eu faço isso, mas sempre me perco em meus pensamentos e custo a me encontrar.
  Não gostos de andar com as janelas abertas pelo fato de que o vento é invejoso, ele quer tudo para si, leva tudo para si. Ele vem assim como não quer nada mas quando eu estou no auge da distração, ele leva todos os meus sonhos e certezas para lugares que eu não sei como chegar ou para o próximo carro de vidros abertos.
  Mas um dia desses desisti de deixá-los fechados, por algum motivo o qual eu não me recordo. Ao parar no sinal vermelho, já estava esquecida de olhar para o tradicional ponto fixo (o vento me fez esquecer), olhei para o lado para admirar a enorme fila para entrar no ônibus. Mas na faixa de pedestres um rosto conhecido me chamou a atenção.
  Nossos olhares se cruzaram, eu sorri. Ela também. Ela havia estudado comigo na quinta serie, éramos melhores amigas. Eu, ela e mais algumas meninas formávamos um grupinho inseparável, que infelizmente a distancia foi capaz de separar. O colégio em que estudávamos fechou e todas nós tivemos que sair de lá, e cada uma foi para uma escola diferente.
  Enquanto um filminho de todos os momentos legais que passamos juntas passava pela minha cabeça, ela continuava lá, parada. Nem parecia mais tão preocupada em atravessar a rua, e eu já não me importava se ia ou não chegar atrasada.
  Fiquei tão surpresa e tão feliz que me senti incapaz de falar algo para ela. Eu poderia (e deveria) ter gritado seu nome, oferecido uma carona, para que pudéssemos pelo menos nos abraçar novamente. Mas não fiz isso. Eu simplesmente sorria, e ela me sorria de volta com o mesmo tom de surpresa e alegria. Eu já estava abrindo a boca para tentar lhe falar algo, mas o sinal vermelho ficou verde e tivemos que nos separar novamente. Espero encontrá-la de novo em algum desses tantos semáforos, e se isso acontecer, não pensarei duas vezes antes de abrir a porta do carro e lhe oferecer um abraço.

domingo, 21 de novembro de 2010

A deliciosa dor de amar

A internet nos trouxe alguns malefícios como a diminuição do contato pessoal, cara a cara, o aumento do contato virtual e a exposição de jovens a sites cujos conteúdos nem sempre são adequados. Mas também nos proporciona várias coisas boas, como por exemplo, poder compartilhar os seus pensamentos e desejos com pessoas do mundo inteiro e rapidamente saber o que os outros acham.
  Eu não sou muito de assistir TV, mas soube pelo twitter que a escritora Martha Medeiros iria participar de um programa de entrevistas na TV Brasil. E eu como mais nova fã de Martha, não poderia deixar de assistir. Mesmo faltando algum tempo para o início do programa, já deixei a TV ligada no canal certo, estava passando um show de samba com vários cantores. Estava também no computador, então não prestei muita atenção no show, mas uma frase me chamou atenção: “Amor só é bom se doer”. Adorei! Rapidamente postei esse trecho da música na minha página no Facebook e dentro de cinco minutos vi alguns comentários...
- Discordo, o amor tem que ser sadio. Sem dor nem sofrimento.
-Que masoquista Carol!
  Mas espere ai, amor sem dor? O amor dói porque é grande demais para uma pessoa só. E nesse aspecto o amor é possessivo, ele não quer ficar em um só coração, quer todos. Ele é tão imenso, tão intenso que quer sair de dentro do peito e jorrar para todos os lados.
  O amor me dói a cabeça só de pensar que um dia isso pode acabar. Ele me dói a sola doa pés, porque nessa incansável loucura de querer encontrar aquele alguém que faz com que as pernas não parem de tremer, até esquecemos de por um tênis confortável. Me cansa os olhos de tanto tentar acompanhar tudo que aquela pessoa faz. Me dói os dedos da mão, de tanto torcê-los , pedindo a todos os santos para que façam com que quando eu entrar no corredor, aquele alguém também esteja lá. O amor me dói principalmente o peito, que quase já não agüenta mais as batucadas do meu coração toda vez que escuta uma certa voz.
  Então eu acho que sou sim masoquista, mas se o amor não te machuca por nenhuma dessas razões, se teus pés, dedos, peito e olhos estão perfeitamente bem, perfeitamente sadios, na minha humilde opinião você não está amando. Não se o que Vinicius (o samba cantado pelo rapaz cujo nome eu ainda não descobri é de Vinicius de Moraes) quis dizer com essa frase, mas é o que penso sobre a deliciosa dor de amar.
Mas “pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Não me peça para lembrar de datas


Posso memorizar facilmente a música favorita de alguém ou uma detestada, uma palavra que não gostam de ouvir ou uma comida que tenha o poder de mudar o seu humor, mas lembrar de datas não está entre as minhas habilidades.
Dependo de lembretes no celular e de papeis colados das paredes do meu quarto para saber quais são as datas importantes. Quando esses métodos falham, eu passo vergonha e tenho que rapidamente arranjar uma desculpa. Estou virando mestra na arte de inventar doenças.
Falo para algumas pessoas que sei que isso é um defeito, mas eu não acho que seja. Afinal de contas, ninguém conta os minutos que passa ouvindo música ou comendo brigadeiro com pipoca. Então para que contar os dias de uma amizade? Ficar contando (e fazer com que o outro também se lembre) as semanas de namoro é aguardar ansiosamente pelo fim da relação.
O amor e a amizade são coisas tão lindas e tão agradáveis que me forçam a jogar relógio e calendário pela janela. E isso não é amar menos, é amar mais! Pois eu só quero que o tempo pare de passar e que o mundo pare de girar porque eu estou sendo feliz e só quero aproveitar.
Então não me peça para lembrar de datas, o tempo passando me lembra o fim, e o fim me apavora.